E não há contexto que a redima por completo, sendo, ademais, triste a constatação: Lula, que, para tantos de nós, vocaliza a esperança, passa agora a incluir a palavra “medo” em seu discurso – no caso, um medo que ele certamente não precisaria nem deveria ter, mas que nos obriga à reflexão, pois, como já se disse, as palavras não caem no vazio. Em sendo assim, mais que a um cálculo de reposição salarial, mais que a uma conta orçamentária, precisamos chamar sua atenção para o fato de que a universidade precisa reagir a ameaças. E Lula tem papel essencial nisso tudo, caso lembre, como tem tudo para lembrar, que a universidade não é mesmo lugar de fazer medo, mas sim de trazer esperança e de cultivar a liberdade. Recorrendo a uma bela imagem de Borges, a universidade é nosso centro, nossa álgebra; e a vida não teria para nós o menor sentido sem sua permanente defesa. Cabe observar que a pressão da privatização não corre em uma linha paralela, podendo atropelar de dentro a educação pública.
Source: Folha de S.Paulo June 24, 2024 16:25 UTC