Não existe história mais recoberta de ferrugem verde-amarela, depositada em tantas décadas de reiteração escolar e oficial, que a de Tiradentes. Em seu livro sobre o personagem ("Tiradentes: O Corpo do Herói", Martins Fontes), a historiadora Maria Alice Milliet demonstra como sua mitologia foi elaborada pelo movimento republicano a partir da década de 1870. A iconografia republicana logo começa a retratar um Tiradentes sacrificial, de sudário e longas barbas. Desde o pintor Pedro Américo, passando por artistas e poetas como Candido Portinari, Cecília Meireles e Renina Katz, Tiradentes sempre teria um quê de Cristo. Alferes é subtenente; parte da fama de Tiradentes o associa à sombra dos militares sobre a política brasileira ao longo do século passado.
Source: Folha de S.Paulo February 26, 2017 05:03 UTC