Perdi a conta de quantas vezes fui chamada a comentar a “presença cada vez maior das mulheres na direção de filmes de gênero”. O que me leva a questionar: serei eu, de fato, uma diretora de filmes de gênero ou uma integrante do nicho “filmes de horror dirigidos por mulheres”? Existem tantas manobras quanto forem necessárias para justificar a escassez de mulheres no comando de filmes “de medo” (horror, terror, fantasia, ficção científica e derivados). Como Alice, somos hoje diretoras de cinema de nicho, sujeitas ao ir e vir da maré dos gostos, das tendências e do mercado. Faço coro contrário à celebração da mulher no cinema (em especial no cinema de gênero) porque ainda ocupamos o lugar da fenda —instável, limitador e temporário.
Source: Folha de S.Paulo May 05, 2019 05:08 UTC