Elizabeth Fisher,[2] professora da Universidade de Oxford, afirma que a dicotomia ciência vs. democracia acaba por ignorar o fato de que a avalição dos riscos tecnológicos é uma atividade desempenhada pela Administração Pública. Sendo assim, as disputas sobre riscos tecnológicos não são propriamente disputas sobre ser a ciência ou a democracia a melhor maneira de regular riscos, mas sim sobre qual deveria ser o papel e a natureza da Administração no exercício dessa função. Inexistindo uma estrutura perfeita para a análise e gerenciamento de riscos, os tomadores de decisão, ao desenharem e implementarem sistemas regulatórios em suas jurisdições, devem estar atentos aos variados aspectos que permeiam esse debate entre ciência vs. democracia na regulação de riscos. Um ponto de partida salutar pode ser o reconhecimento de que não há propriamente um antagonismo entre ciência e democracia. A questão central, portanto, parece residir em como estruturar um regime regulatório que, em vez de pressupor uma perspectiva antagônica e excludente (ciência ou democracia), reconheça que ambas as dimensões são essenciais para uma regulação de riscos legítima e eficaz (ciência e democracia).
Source: Folha de S.Paulo July 29, 2024 12:51 UTC