O termo deriva de uma ideia clássica associada ao teatro: o hipócrita representa, finge, demonstra coisas distintas do que sente ou do que é. Para exercer sua arte, o profissional do palco exerce uma “hipocrisia”: imita uma personagem, copia seus trejeitos, adapta sua fala ao imitado. É conhecido o pensamento de François de la Rochefoucauld: a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude. Estamos mais próximos do DNA dos fariseus do que do Nazareno. Se sairmos, para encerrar, do campo moral ou cristão sobre a hipocrisia, restam-nos as parapraxias freudianas, os atos falhos que revelam muito da nossa dor ou sentimentos pouco elaborados. É um analgésico que revela mais do que resolve.
Source: O Estado de S. Paulo May 26, 2019 03:56 UTC