A única coisa que não era respeitada era a intolerância —pelas opiniões discordantes e por tudo o que fosse diferente da gente. Na mesa de casa, a incerteza era a virtude moral, enquanto a certeza era um vício reservado aos loucos, aos cretinos e, naturalmente, aos inimigos. O cristianismo promoveu a ideia de que somos todos filhos de Deus e iguais perante a ele e perante a lei —sejam quais forem as diferenças de credo, língua, etnia, orientação sexual etc. A "guerra santa" de conquista, assim como a vontade de reduzir a escombros o espírito e as terras conquistadas, tudo isso não é mais islâmico do que cristão. Conclusão, sem a qual não vamos entender os dias de hoje: a intolerância, na cultura ocidental, não é uma exceção nem uma volta às trevas.
Source: Folha de S.Paulo April 04, 2019 05:03 UTC