E houve duas grandes celebrações da presença constante da morte: a dança macabra e o triunfo da morte, que surgiram, ambas, a partir do século 14. O triunfo da morte mostra quer seja o desfile, quer seja a cavalgada da morte com sua comitiva, ceifando os que ela encontrar —as imagens se tornaram mais cruentas a partir do século 14 avançado, depois da grande peste. O mais lindo exemplo de triunfo da morte é do século 15 e está no Palazzo Abatellis, em Palermo (na Sicília, Itália). Sacudido como um esqueleto, Bolsonaro avança para seu triunfo, o triunfo da morte. O comentário de Bolsonaro diante das vítimas da Covid-19 —“todos nós iremos morrer um dia”— poderia ser sábio, como sempre foi a lembrança da morte que nos espreita.
Source: Folha de S.Paulo June 10, 2020 23:14 UTC