O nada, escreve o filósofo, é a negação da autenticidade, a recusa de assumir a liberdade e o compromisso diante da realidade. Essa leitura existencial parece traduzir com precisão o que a Globo, ao celebrar os cem anos de O Globo, oferece ao país: uma festa de slogans que anuncia futuro, mas apenas reedita o passado. Enquanto a vida real pulsa em favelas, sertões e periferias, o “futuro” da Globo é um roteiro higienizado, embalado em sotaques convenientes e criatividade domesticada com seus improvisos ensaiados. Alienação é o produto mais duradouro que a Globo exporta ao Brasil. O centenário da Globo não celebra a imprensa: celebra o poder de manipular a memória coletiva; trata-se de um projeto de poder reafirmando sua lógica.


Source:   O Globo
August 29, 2025 12:04 UTC